Eu lembro bem. Estávamos, eu e a
tia Cecília, no sofá cinza da casa de vila cheia de cor da minha vovó Alice. A
vó, costurava no canto da sala. A tia, lia um conto de minha autoria selecionado
pelo colégio e publicado na coletânea de fim de ano. Ela lia em voz alta. Eu, olhava
atentamente suas expressões, analisando se o que saía pela boca vinha do
coração. A crítica foi a melhor possível e era real. Sei disso porque crianças
percebem mentiras no cheiro. Depois eu suspirei aliviada e feliz. Talvez ela nem
saiba, mas colocou um acento agudo no meu “ser escritor” que já começava a dar
os primeiros passos.
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